terça-feira, 24 de novembro de 2015

Atraso 2

Oi,

Outra vez com dois posts no mesmo dia. Não tenho por hábito ter material mental suficiente para escrever dois posts no mesmo dia mas como estou a algum tempo sem escrever acredito que as coisas acabaram por acumular dentro de mim. Claro, tenho tentado manter uma conversa comigo mesmo de maneira que eu não reprima nada dentro de mim entretanto ainda não tenho um bom controle sobre isso e a minha tendência natural é simplesmente guardar as coisas.

Estava falando no último post que passei por um período bem ruim após ter sido obrigado a usar a tornozeleira. Falei bastante sobre como estava me sentindo em relação a isso neste post aqui. Após isso tive uma sessão com a psicóloga na qual eu basicamente contei tudo que estava nesse post que acabei de linkar mais acima. Falei para ela que estava me sentindo muito mal, muito triste e principalmente sem ânimo e sem esperança de que as coisas fossem melhorar. Inclusive descrevi um cenário para ela que, se acontecesse, eu preferia me matar do que ter enfrentar isso. Disse para ela que esta decisão de terminar minha própria vida, neste cenário, não era baseado em sentimentos e sim em lógica, ou seja algo racional. Ela então me falou que sim, esse cenário é válido e possível de acontecer. Que eu tenho um grande problema por ser extremamente racional em conjunto com ser extremamente ansioso já que eu acabo projetando cenários horríveis para o meu futuro e perco foco no presente. Que eu tenho que aprender a levar a minha vida um dia de cada vez e que eu não posso me paralisar no agora por algo que pode vir a acontecer no amanhã. No final da sessão ela também me recomendou ir buscar ajuda com o psiquiatra para tomar alguma medicação que me ajudasse a lidar com a minha depressão já que ela estava muito profunda.

Conforme mencionei no último post isto me assustou muito. Em parte porque significaria tomar mais remédios para a cabeça e eu tenho um certo preconceito com isso. A outra razão que me assustou foi ela ter sugerido eu ir buscar essa opção de medicação. Ela como psicóloga já teve que lidar com outros pacientes que tinham depressão e imagino que muitos não necessitaram de intervenção medicamentosa para superar seus problemas. Infelizmente para determinadas pessoas em determinadas situações essa opção de remédios é necessária. Basicamente, ela me disse que acreditava que isso era o meu caso. Esta declaração me fez perceber o quanto sem ânimo eu estava, o quanto eu estava lentamente desistindo da minha vida no sentido de parar com ela por inteiro. Isto me fez ter ânimo para tentar, mais uma vez, dar a volta por cima do que eu estava passando e brigar por mim mesmo, pela minha saúde mental, sem que eu precisasse de remédios. Com isso pude dizer para ela na sessão seguinte que eu tinha voltado a me sentir melhor mas que estava de vigília de mim mesmo para que, caso eu me sentisse mal novamente, eu buscasse ajuda psiquiátrica em conjunto com remédios.

Essa minha melhora durou poucos dias. No mesmo dia dessa sessão ela me entregou o laudo psicológica dela sobre mim e sobre como a terapia tem sido útil na parte de controle de impulsos. De maneira sucinta ela escreveu o relatório condensando mais de 22 sessões de terapia e mesmo assim evitando de entrar em muitos detalhes sobre algumas partes. Entretanto, apesar de clara, este laudo dela joga uma luz não tão favorável em minha pessoa. Basicamente ela relata que sim, tenho problemas de auto estima e de controle de impulsos além de uma separação grande entre o emocional e o racional que facilita a minha natureza impulsiva. No final, na conclusão, ela menciona que no entanto eu tenho demonstrado a capacidade de questionar minhas próprias crenças e pensamentos de maneira a reconstruí-las de uma maneira melhor e que tenho a possibilidade de me controlar.

Um outro detalhe que ela colocou, erroneamente e que foi corrigido posteriormente, é de que houveram pessoas convidadas a participar da minha terapia e que não quiseram comparecer. Eu havia mencionado para ela que achava que os meus pais necessitam fazer terapia também já que eles estavam, e estão, muito abalados com tudo que tem acontecido. Ela, no entanto, entendeu que eu queria que os meus pais fizessem parte da minha terapia e que eu os havia convidados mas que eles haviam se recusado a participar. Meus pais quando leram essa parte do relatório basicamente surtaram. Eles me perguntaram sucessivamente se a psicóloga havia convidado eles para participar e se eu havia dito que não no nome deles, sem nem mesmo perguntar para eles. Me acusaram de mentir para eles sobre isso e, apesar de ter tentando manter a calma e explicar para eles que devia ser um mal entendido já que nem eu mesmo havia compreendido isso que havia sido escrito, eu acabei perdendo a calma e brigando com eles. Isto me levou a um estado de nervos muito grande e minha ansiedade foi no teto.

Conversei com a psicóloga via WhatsApp e pedi para ela corrigir isso mas fiz esse pedido de uma maneira bem chata e pentelha. Quando estou num acesso de nervoso eu sou uma pessoa beeem chata mesmo, acredito que seja meus ataques de mania devido ao meu espectro bipolar. Nisso, no dia seguinte tive uma reunião com os meus advogados para a gente conversar sobre o relatório tanto do psiquiatra quanto da psicóloga. O do psiquiatra foi ok mas eles caíram de pau no da psicóloga. Tenho que concordar com eles, e já disse isso para a psicóloga, que infelizmente o juiz que solicitou o relatório não será parcial ao ler ele. Apesar da conclusão me redimir, e jogar ao meu favor, o conteúdo em si do relatório faria com que o juiz decretasse minha prisão preventiva novamente. A tornozeleira foi instituída já que existe a possibilidade de que eu venha a fazer algo novamente e que não era justo requisitar a prisão preventiva sendo que eu não havia cometido nenhum crime novo. Entretanto, o relatório da psicóloga é incisivo ao apontar minhas "falhas" e que isto seria interpretado pelo juiz como motivo suficiente, e entregue pela minha própria defesa, para me prender. Seria possível que eu fosse liberado novamente, via habeas corpus, já que a possibilidade de um crime não justifica uma prisão mas isto tomaria novamente alguns meses e eu teria que passar o final de ano (Natal e Ano Novo) na cadeia.

Mais essa notícia na minha cabeça me fez cair ainda mais em uma angústia e desânimo profundos. Me sentia muito mal mesmo e novamente comecei a contemplar pensamentos ruins. Ao conversar sobre tudo isso que passou com a psicóloga na sessão passada falei para ela que, apesar de ter me sentido muito mal novamente, que eu havia conseguido com a ajuda dos meus pais me reerguer novamente. Entretanto, falei que havia percebido como a minha depressão está muito aflorada e que não é necessário muita coisa para me fazer entrar em um estado pior da mesma. Falei então que na próxima consulta com o psiquiatra irei pedir para que ele me receite algo que me ajude com a depressão porque acredito que ficar neste estado tão sensível de ânimo e humor não é bom para mim a longo prazo. Tenho possivelmente ainda alguns anos de apelação da sentença e ficar estes anos desta maneira não é viável.

Basicamente, estes foram os eventos maiores da últimas semanas. Irei tentar voltar a postar mais aqui no blog para evitar que ele fique jogado às moscas. Escrever aqui, mesmo que para leitores anônimos, me faz bem porque me ajuda a tirar de dentro de mim muita coisa que eu penso e sinto. Já percebi que sinto uma facilidade muito maior para expor meus sentimentos de uma maneira escrita do que de uma maneira falada. Acho que isto tem muito a ver com o fato de que aqui, apesar de saber que existem pessoas lendo, não existe uma pessoa me vendo e ouvindo. Ainda sou muito introvertido por natureza e anos e anos de hábito de guardar tudo o que eu sinto me dificultam expor isto de uma maneira mais clara quando existe uma audiência. Aqui existe um distanciamento entre a minha pessoa e seja quem for que esteja lendo. Essa experiência é um tanto esquisita, para ser honesto, mas eu particularmente gosto. Gostaria entretanto que alguém algum dia postasse um comentário, nem que seja para falar mal de mim ou do que escrevo. Por mais estranho que seja, apesar de achar bom o distanciamento natural que existe entre o autor e o leitor gostaria que houvesse uma comunicação bi-direcional aqui, ou seja, houvesse um contato leitor -> autor um dia. :)

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