sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Auto estima

Recentemente aconteceu algo em minha vida que a mudou para sempre. A única pessoa a quem eu responsabilizo por isso sou eu mesmo.

Eu tive a chance, há mais de 11 anos atrás, de pedir ajuda para à minha família em relação ao meu problema e não consegui fazer isso. Na época eu tinha 17 anos e não possuía a maturidade suficiente para admitir que eu tinha um problema apesar de estar ciente, em algum nível, de que eu tinha um problema.  

Este meu problema, inerente à minha mente, não será descrito em detalhes por enquanto, afinal ainda não sei até onde pretendo levar este blog. Além disso é algo muito delicado que gerou reações justificadas,  mas extremas, de pessoas que me conhecem e que não mais me consideram um amigo.
Como mesmo pessoas que eu contava como sendo próximas se afastaram eu reluto em contar exatamente a natureza dessa minha questão ao mundo, principalmente para pessoas desconhecidas. Por enquanto, basta que fique claro que eu tenho uma condição, um distúrbio, que me leva a perpetrar atos ruins que acabam machucando outras pessoas. 

Eu cometi tais atos contra uma pessoa que eu amava, e ainda amo, a mais de  11 anos atrás. Esta pessoa ainda hoje sofre com as consequências do que eu fiz e isso me incomoda muito.  Infelizmente quando eu fui levado para uma psicóloga para discutir essa questão eu neguei que havia feito algo. Neguei esse fato de maneira tão veemente que consegui enganar a própria psicóloga em achar que a pessoa que me acusava estava imaginando coisas.  Em parte devido a isto esta pessoa a quem eu cometi um mal terrível acabou por acreditar que imaginou o tal mal acometido contra ela. A verdade de que tais atos, que geraram um mal tão grande, realmente haviam sido cometidos somente apareceu no começo deste ano. 

Por uma série de razões, as quais eu ainda estou tentando elucidar, eu cometi novamente estes atos horríveis contra uma pessoa, a quem eu não conhecia, no final do ano passado. Felizmente essa pessoa teve coragem e maturidade suficientes para contar que algo ruim aconteceu com ela para sua família que então relatou isso a polícia

Graças à um bom trabalho policial eu fui identificado e encarcerado. Passei pouco mais de 2 meses na cadeia e fui solto por um habeas corpus perto da metade do ano.  Atualmente estou aguardando a audiência de instrução do meu processo.

Desde que eu fui solto estou à uma psicóloga, uma diferente da inicial, e de um psiquiatra para que eles possam me auxiliar e permitir que eu mesmo possa me ajudar. Terapia forçada, como me foi imposta pelo meu pai a 11 anos atrás, não serve para nada. A vontade de se entender e evoluir é vital no processo terapêutico. Tenho certeza que se eu não estivesse empenhado em passar por esse processo ele não me serviria de nada.

O processo é lento, difícil e angustiante às vezes.  Recentemente comentei com a minha psicóloga que antigamente tinha dificuldade, às vezes, de considerar o custo benefício da terapia como satisfatório.  Disse, numa analogia, que o custo de derrubar algumas paredes mentais era alto demais para compensar o benefício de subir somente uma pequena mureta em seu lugar. Relatei então que, recentemente, havia mudado minha visão em relação à isso. Que eu tinha percebido que estava comparando o tamanho da parede derrubada com o tamanho da mureta erguida e vendo que um não compensava o outro. Infelizmente isso não se aplica. Eu percebi que, na verdade, eu precisava enxergar que o esforço que eu estou fazendo em evoluir tem como fruto a soma do tamanho da parede derrubada e da mureta levantada. Isso sim é o benefício, o ganho, que eu estou tendo pelo meu esforço.Basicamente, eu ganho na destruição da construção mental ruim e também ganho na edificação da construção mental boa.

Toda essa introdução no entanto é para contar sobre um evento, ocorrido recentemente, que trouxe um bem enorme. Esse bem é relacionado com o título deste post.

Estive na casa da minha tia, que não mora na mesma cidade que eu, para visitar a minha família. Ao chegar lá fui bem recebido por todos mas notei que uma determinada pessoa não se encontrava lá. Descobri, posteriormente, que essa pessoa não estava confortável em me encontrar, em ter que lidar comigo. Isto devido ao que eu fiz recentemente e que me levou a ser preso além de a verdade em relação ao que eu cometi a anos atrás, para uma pessoa da minha família. Essa pessoa que não queria lidar comigo foi por muito tempo a melhor amiga da pessoa a quem eu cometi este mal.

De maneira resumida, meus pais tiveram uma reação explosiva em relação à atitude dessa pessoa que não queria me encontrar e uma briga de família generalizada foi deflagrada.  Enquanto eles estavam discutindo eu estava longe disto tudo, apesar de estar dentro da casa, ouvindo tudo. Sou uma pessoa impulsiva, o que facilita eu cometer esses atos ruins e devido a isso tomo medicação para controle de impulso, e tenho a tendência a ter reações exageradas tais quais às dos meus pais.

Logo, me afastei da discussão para conseguir organizar meus pensamentos antes de conversar com todos, para evitar que tivesse mais uma pessoa gritando e discutindo. De uma maneira resumida, consegui ter uma reação calma e sensata a tudo que estava acontecendo. Consegui lidar também com esta pessoa que não queria me encontrar sendo que ela acabou por vir a casa da minha tia diversas vezes no período que eu estava lá. Claro que não tivemos a mesma intimidade que tínhamos antes mas conseguimos conviver, nem que seja de uma maneira mais distante

Relato tudo isso para que seja possível entender algo muito importante. A minha reação frente ao que aconteceu foi muito diferente do que eu mesmo esperava. No começo deste ano a minha reação seria exagerada, explosiva. No entanto, agora tive maturidade suficiente para lidar de uma maneira positiva e construtiva com a situação

Fico muito feliz com isso! 

Minha psicóloga considerou que eu lidei muito bem com a situação e que isso aumenta a esperança dela que eu consiga criar um novo padrão de funcionamento mental. Que eu me torne uma pessoa menos ansiosa e impulsiva e que isto, por consequência direta, também irá me ajudar a não cometer esses atos ruins no futuro.

À  medida que ela me falava isso, e nos dias depois da consulta, essa ficha foi lentamente caindo na minha cabeça. De que eu fiz algo bom. Isso foi muito importante porque ultimamente não achava que eu poderia fazer algo bom. Minha auto estima estava destruída. Acreditava que eu não poderia nunca mais fazer algo de útil, algo de bom na minha vida. Sei que é algo exagerado da minha cabeça mas era como me sentia. 

Este evento, no qual eu me portei de uma boa maneira, aumentou minha auto estima novamente. Foi um alento para mim. Me deu esperanças de que eu tenho a chance real de melhorar. De que euevolui da pessoa que eu era. Isto me deu ânimo para continuar buscando um Eu melhor

Lucas

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