domingo, 4 de outubro de 2015

Nada de novo no front...somente lidando com os mesmos problemas de sempre

Nada de novo por estes lados da Terra, e do seu lado?

Hoje foi um dia calmo, dia de ficar em casa aproveitando um pouco os meus pais e basicamente assistindo televisão e jogando um pouco de video-game. Tivemos um almoço light hoje, eu e minha mãe fizemos uma Ceaser Salad com frango e croutons que ficou bem gostosa. Quem diria que eu iria me contentar em almoçar uma "saladinha" e ficar de boa o resto do dia hein? Digo isto porque eu antigamente pesava mais de 160 quilos. Durante a minha "estadia" no sistema penitenciário estadual eu perdi em torno de 30 kilos. Desde que eu sai da cadeia tenho tentando controlar a alimentação em conjunto com academia para não subir mais o peso. Tem funcionado, apesar do peso estar relativamente estável agora eu afinei bastante de corpo e até ganhei alguns músculos. Eu sei que os músculos existem porque eles doem bastante depois da academia :(

De noite, agora a pouco, fiz um hambúrguer caseiro grelhado para comer junto com o meu pai. Ficou bem gostoso também, e dessa maneira é possível escolher a carne usada para fazer o hambúrguer assim como o método de preparo do mesmo. Considerando isso é uma opção bem menos gordurosa que comprar fast-foods em geral ou fritar os hambúrgers de caixinha.

Hoje meu irmão veio aqui em casa para nos visitar. Desde que eu fui preso as coisas tem estado um pouco estremecidas entre a gente, mas principalmente entre ele e os meus pais. Meu irmão sempre foi uma pessoa complicada de se lidar, desinteressado em relação a família e interesseiro. Basicamente, não gosto dele como pessoa e se fosse meu irmão provavelmente não seria seu amigo. Entretanto, ele ainda é família e eu o amo. Por isso, certos sacrifícios tem que ser feitos para que seja mantida a paz geral na melhor maneira possível. Tem dias que isso não é nem um pouco fácil.

Logo após eu ser liberado da cadeia ele veio me visitar aqui em casa e fiquei feliz com isso. Ele não quis perguntar nada em relação ao acontecido e por consequência eu também não entrei no assunto. Não acredito que seja certo da minha parte compartilhar tudo que aconteceu comigo com pessoas que não se sentem confortáveis para ouvir sobre o assunto. Afinal de contas, meu problema é bem pesado e não é fácil nem falar sobre ele e muito menos ouvir sobre ele. Por isto, eu prefiro que as pessoas que escolheram manter contato comigo se manifestarem sobre quererem ouvir sobre o problema ou não. Acredito que tive muita sorte por ter pessoas que escolheram me ajudar e me apoiar desde que eu saí da cadeia.

Para quem se considerava uma pessoa com muitos amigos ficar reduzido a uma contagem de amigos que cabe nos dedos de uma mão é muito estranho. Entretanto, tenho encarado isto de uma maneira positiva. Antes amigos que cabem nos dedos de uma mão do que nenhum amigo. Antes amigos que eu sei que são amigos, parceiros, de verdade do que vários falsos amigos que me mandaram recado dizendo: "Para mim você está morto!".

A amizade destas poucas pessoas com as quais eu posso contar tem sido um dos pilares nos quais eu tento reconstruir a minha vida. Um segundo pilar é a minha família (minha mãe e meu pai, meu padrinho e madrinha, minha tia, alguns dos meus primos, a família da minha madrinha) que com o apoio incondicional que me deram garantiram, mesmo sem saber, que eu não fizesse uma besteira e tirasse minha própria vida. Um terceiro pilar tem sido a ajuda que eu tenho obtido da minha psicóloga e do meu psiquiatra; a ajuda e apoio para que eu possa entender o que eu fiz e impedir que isto volte a acontecer me ajudam a ter esperanças para o meu futuro.

Notem que quando eu falei do meu segundo pilar, a família, não considerei meu irmão como parte dele. Não que ele não seja família, porque ele é; entretanto, ele não faz parte do pilar porque ele não me dá sustentação e apoio nenhum nesse momento. Desde que eu fui preso foi deflagrada uma guerra fria entre meus pais e meu irmão e a sua esposa. A minha cunhada somente colocou os pés na minha casa desde que eu fui preso 2 vezes e somente em ocasiões importantes (o aniversário da minha mãe e o dia dos pais). Meu aniversário, que foi a cerca de um mês, não foi contabilizado como importante logo ela não veio.

Não me importo de ela não vir na minha casa ou de me dar apoio, afinal nunca gostei dela mesmo. Certos males vem para o bem não? Não ter que conviver com ela certamente foi um bem muito bem-vindo. O que me incomoda é que eles também não trazem meu sobrinho (e meu afilhado) aqui em casa. Minha cunhada disse que não quer que ele se corrompa com a minha presença, como se o mero fato de ele estar a minha volta fosse prejudicial para o seu desenvolvimento como pessoa.

A cerca de 2 meses atrás meu irmão veio aqui em casa e eu tive uma conversa com ele, junto com o meu pai, para que pudéssemos por as cartas na mesa. Nesta época minha mãe havia tido uma grande briga com a minha cunhada indiretamente. Na realidade ela estava conversando com o meu irmão por telefone quando ele disse que a razão da minha cunhada não vir mais em casa era devido a ela não se sentir confortável aqui. Inclusive disse que nunca se sentiu confortável aqui, mesmo antes da minha prisão. Minha mãe então, sem hesitar, respondeu para ela, via meu irmão, que se ela não sente a vontade aqui em casa então que não precisava mais aparecer. Pronto! Foi dada a desculpa perfeita para minha cunhada se sentir ofendida e nunca mais aparecer por aqui.

Até onde eu possa entender devido a essa briga meu irmão não veio mais em casa. Ficamos sabendo pela sogra do meu irmão que ele estava se sentindo rejeitado pela família dele e que ele também não se sentia à vontade de vir aqui em casa porque achava que o clima estava muito pesado. Ele inclusive ressaltou este ponto neste conversa que tivemos em conjunto com o nosso pai. Disse para ele que, independentemente do que aconteça, ele ainda faz parte da família e que por mais que esteja pesado o clima ele sempre vai ser bem-vindo na nossa casa. Disse também que mesmo que a esposa dele esteja brigada com a nossa mãe que ele pode vir em casa visitar a gente e que inclusive a gente sentia falta dele. Logo, que mesmo que ele viesse nos finais de semana (afinal, disse que estava cansado do trabalho durante a semana além de ter que tomar conta do meu sobrinho devido a minha cunhada estar grávida) nem que fosse por 10 minutos para dizer um oi.

Nesta conversa, meu pai pediu para ele verificar com a esposa dele para que fosse possível nós (eu, meu pai e minha mãe) buscarmos o meu sobrinho depois da escola um dia na semana de maneira que pudéssemos vê-lo. Meu irmão ficou de perguntar e dar resposta, resposta a qual após 2 meses ainda não sabemos. Meu irmão então me surpreendeu dizendo que tanto ele quanto a minha cunhada queriam marcar uma conversa comigo para que eles pudessem entender o que aconteceu e ouvir o meu lado da história. Novamente, esta conversa está pendente de ser marcada por eles já fazem 2 meses.

Inicialmente foi me dito que somente poderia ser no final de semana porque é quando eles tem tempo livre. Tentei marcar diversas vezes em um sábado ou um domingo e sempre me foi dada uma desculpa. Em um final de semana era porque eles estavam trocando de carro e estavam pesquisando semi-novos. Na outra era porque haviam viajado para a praia e por ai vai. Chegou um ponto, cerca de 1 mês atrás, que parei de tentar marcar uma data para esta conversa. Simplesmente falei para meu irmão que como a iniciativa de ter a conversa foi dele e da esposa dele e que a agenda deles era complicada que seria melhor eles marcarem a conversa quando fosse conveniente. A única coisa que eu ressaltei foi que a minha audiência de instrução é no dia 27 de Outubro e que a conversa deveria acontecer antes desta data, afinal existe um certo risco de ser condenado e encarcerado novamente nesta data (apesar deste risco ser extremamente pequeno).

Até agora meu irmão não entrou em contato para combinar nada. Veio aqui hoje e não mencionou nada disto. Age como se nunca tivesse falado o que falou. Como sempre, meu irmão tenta fugir das suas responsabilidades de qualquer maneira possível. Este sempre foi o padrão de funcionamento dele. Quando confrontado com algo ele tenta fugir e procrastinar ao máximo ter que lidar com um problema. A história de que ele queria conversar comigo em conjunto com a esposa dele pode até ser verdadeira. Entretanto me parece claro que ele sabia que era isso que eu queria ouvir, logo foi o que ele me disse para acalmar os ânimos aqui em casa.

Outra mágoa que eu tenho dele com relação à tudo que tem ocorrido é que até hoje ele não fez o cadastro para obter a carteirinha de visitação da cadeira. Sem esta carteirinha não é possível fazer visitar e nem entregar mantimentos para um preso. Quando eu perguntei para ele, numa outra ocasião, o porque disto ele me respondeu que não tinha tempo de ir ao cartório para fazer o reconhecimento de firma. Disse que não podia faltar ao trabalho para realizar isto. Entretanto já faltou inúmeras vezes para levar meu sobrinho ao médico. Não questiono ele como pai faltar ao trabalho para levar o filho ao médico, inclusive acho ótimo que ele se envolva com o filho e faça parte da educação dele. O que acho interessante é que minha cunhada é funcionária pública, que pode faltar quando bem entende ao trabalho dela mesmo que não apresente atestado médico. Ela nunca falta ao emprego dela para levar meu sobrinho no médico. Então, me pergunto, qual é o motivo real dele não querer fazer a carteirinha de visitação?

Perguntei para ele por que ele teria que faltar ao trabalho para ir ao cartório. Ele me respondeu que o cartório que ele tem assinatura reconhecida fica perto da casa dele e o trabalho dele fica bem longe de casa. Disse que OK, entendia mas perguntei quantas horas de almoço ele tinha. Ele, confuso, me respondeu que duas horas. Então disse a ele que com certeza deveriam haver cartórios perto do trabalho dele e, que, como ele tinha duas horas de almoço seria possível ele ir em um destes cartórios e fazer um reconhecimento de firma por verdadeiro. Neste ponto ele simplesmente ficou me olhando com uma cara de criança pega na mentira... Pedi então para ele que, por favor, fizesse isso. Nem que ele não fosse me visitar porque o horário de visitação é durante horário comercial em dia de semana, mas que somente de saber que ele tinha feito a carteirinha seria uma felicidade muito grande para mim. Ele me prometeu que faria a carteirinha. Até agora nada foi feito.

Por último, o que realmente me deixou magoado com ele foi uma combinação de duas coisas. Um dia, ouvi por acaso uma outra briga que ele e minha mãe estavam tendo por telefone. Meu irmão foi categórico com a minha mãe e disse: "A senhora está preparada para o que vai acontecer em Outubro? Porque seu filho vai para a cadeira e você vai ficar sozinha junto com o pai. Dai vai me encher o saco para pedir que eu leve meus filhos para você cuidar e não se sentir sozinha". Esta declaração do meu irmão me deixou tanto puto quanto triste. Ele acredita que eu realmente irei preso no dia 27 de Outubro. Por isto não marcou a conversa entre a gente, não vê razão porque o problema que sou eu não vai mais estar presente no final do mês. Além disso, usou os próprios filhos, os netos da minha mãe, como chantagem.

Minha mãe respondeu para ele que eu não iria para a cadeia no dia 27 de Outubro, ou pelo menos, não era no que ela acreditava. Que o meu irmão não deveria ficar dizendo estas coisas porque magoavam tanto ela quanto meu pai e eu, caso eu ouvisse (mal sabe ela que eu ouvi e que ela estava certa). Além disto disse que mesmo que eu viesse a ser preso no dia 27 de Outubro que não queria que nenhum dos netos dela viessem aqui por chantagem do meu irmão e da sua esposa. Que se eles não poderiam vir aqui por minha causa, isso significa que meu irmão e a sua esposa não confiam em meu pai e na minha mãe para cuidar das crianças. Logo, mesmo sem eu estar por aqui eles também não deveriam ser confiados para cuidar dos filhos dele. Hoje, quem cuida do meu sobrinho na parte da manhã (ele vai para a escolinha de tarde) é a sogra do meu irmão. Antigamente ela e minha mãe se revezavam na semana para cuidar dele afinal dá muito trabalho. Desde que fui preso a sogra do meu irmão está cuidando dele todos os dias da semana. Imagino que esteja ficando louca já e ainda vai ganhar um neném recém-nascido para ajudar a cuidar além do meu sobrinho que tem 2 anos e meio. Boa sorte!

E para fechar o pacote, a segunda coisa que me deixou magoado com meu irmão foi a data de nascimento do meu novo sobrinho. Ele irá nascer de cesárea e a data escolhida para o seu nascimento foi dia 27 de Outubro. A mesma data da minha audiência. Entendo que como a minha cunhada está entrando no nono mês da gravidez a data tem que ser escolhida de maneira a garantir a sua segurança e do bebê. Entretanto me parece muita ironia (Isn't it ironic? já cantava Alanis Morissette) a escolha  da data. Realmente precisava ser no dia 27 de Outubro?  Meu irmão disse que desta maneira ele poderia aproveitar melhor os 4 dias de licença-paternidade aos quais ele tem direito. Disse que isso não deve ser verdade, afinal dia 27 de Outubro é uma terça-feira e que a licença-paternidade é de 5 dias (Licença Paternidade) logo, o filho dele poderia nascer no dia 26 de Outubro e ele teria a semana inteira de licença-paternidade. Fui respondido pelo silêncio. Logo, gostaria de acreditar que a data de nascimento do filho dele realmente foi marcada no dia 27 por uma questão médica. Infelizmente não acredito porque me parece ser mais uma procrastinação por parte do meu irmão.

Em suma, depois da morte da minha irmã a 2 anos, me tornei filho único.

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