terça-feira, 13 de outubro de 2015

Inspiração demais é prejudicial a blogagem

Olá a todos,

Espero que todos estejam bem. Novamente vem eu para postar as coisas a essas horas da noite. Não sei porque mas me sinto melhor para escrever aqui perto do fim do dia. Acho que é porque isso me dá tempo ao longo do dia para refletir sobre tudo que aconteceu e poder escrever algo mais coeso.

Originalmente havia pensado neste blog mais como um scrapbook dos meus pensamentos, um lugar para escrever tudo que passava pela minha cabeça a qualquer momento. Seria interessante essa abordagem também, mas com certeza bem mais caótica de se ler né? Neste caso, acho que seria melhor manter esse scrapbook como um arquivo pessoal no meu celular ou computador e utilizar ele como material de consulta quando eu for escrever aqui, o que vocês acham?

Faz bastante tempo desde a última vez que eu postei aqui e bastante coisas aconteceram, entretanto não irei postar todas aqui. Admito que isto se deve em parte a eu achar, agora que algum tempo se decorreu desde o acontecimento, que elas não são dignas de serem escritas e postadas aqui. Talvez eu mude de ideia depois e acabe por escrever algo sobre elas aqui. Por enquanto eu vou deixar no ar algumas coisas. Esta é a razão do título deste post, as vezes ter assunto demais sobre os quais escrever te leva a escrever nada.

Como dita a minha mania de controle mais a minha necessidade de categorizar e catalogar as coisas me atirei a tarefa de listar tudo que eu já tenho para o meu apartamento novo e tudo que precisa ser comprado. Tarefa bem chata, diga-se de passagem, e antigamente não me dignaria a realizá-la. Entretanto, agora o que eu mais tenho é tempo (desempregado, ex-presidiário, futuro presidiário) e como a economia está um lixo (Valeu PT!!!) é necessário evitar gastos desnecessários onde for possível. Além disto, precisava realmente ocupar um pouco minha cabeça com uma tarefa que simbolizasse um futuro.

Pode parecer algo estranho escolher fazer uma lista para isto, mas o meu apartamento foi, por muito tempo, um certo símbolo de liberdade para mim. Finalmente sairia da casa dos meus pais e iria morar sozinho. Adeus mágica da roupa lavada! Adeus mágica da roupa guardada no armário! Adeus comida quente, gostosa e pronta quando eu chegar em casa! Olá Liberdaaaaaaaaadeeeeeeee!! (Como diria o William Wallace).

Este foi um objetivo bem grande que eu havia traçado na minha vida a cerca de 2/3 anos atrás. Hoje, o apartamento até certo ponto representa uma dor de cabeça maior que uma alegria em certos termos. Tem a questão de pagar financiamento, mobiliar, condomínio e etc... Como vivo a base do seguro-desemprego (Valeu PT!!! Agora sem a ironia) é complicado toda essa questão. Não irei explicar a mágica necessária para fazer o balanço dar certo no final do mês, mas acreditem que não é fácil.

Mesmo assim, organizar algo para o apartamento é bom para mim. Ter uma esperança de algo de futuro, por mais imediato que este seja, já é algo que me deixa feliz. Não consigo ver um futuro além do dia 27 de Outubro, mesmo sabendo que as chances de eu ir preso neste dia sejam minúsculas (tipo, 1%).

Entretanto, meu cérebro está travado na possibilidade ruim ao invés da boa e isso é prejudicial para mim. Não estou tão angustiado e em pânico como eu estava para a primeira audiência. A psicóloga comentou que, como eu já passei por essa experiência uma vez, tenho mais ansiedade em relação ao que vai acontecer. Isto devido a já saber como é o procedimento, onde e como é o local da audiência, saber quem é o juiz e etc. O desconhecido, segundo ela, gera uma angústia normal nas pessoas. Logo, saber o que vem pela frente facilita muito para minha cabeça se acalmar. Além disto, o fato de ter ido na primeira audiência sem ter sido intimado (não me pergunte o que aconteceu com o oficial de justiça) me tirou um peso enorme das costas.

Antes do dia 30 de Junho, o meu maior medo era ir para a audiência e ser preso imediatamente. Ser preso sem poder voltar a ver meus pais e passar novamente pelo período de quarentena sem visitas. Isto é, realmente, algo muito ruim. Saber que essa possibilidade era pequena não me ajudava em nada na minha angústia. Me sentia como um preso andando pelo corredor da morte com a cadeira elétrica esperando no final do corredor. Era uma marcha lento mas inexorável para o fim. Dramático, não? mas era como eu me sentia.

Ter tido a maturidade e coragem para enfrentar a audiência, mesmo sem precisar fazer isso, me libertou dessa sensação de apocalipse. Eu posso dizer, com orgulho, que eu enfrentei o meu maior medo de cabeça erguida. Posso imaginar que vocês pensem que o que eu digo é uma grande besteira, que meu medo era injustificável. Eu concordo com vocês, mas infelizmente era como eu me sentia.
Tal como uma pessoa possui uma fobia, por mais esdrúxula que pareça para as outras pessoas, meu medo era irracional e inexplicável. Novamente, repito com orgulho, eu enfrentei meu medo de frente, não me importando com as consequências. Isto é realmente libertador, toda vez que eu me lembro deste dia e da ligação que eu fiz após a audiência para os meus pais chegam a escorrer lágrimas dos meus olhos.

Logo, agora, para esta próxima audiência, me sinto sim angustiado. Entretanto me parece que essa angústia é mais proporcional a algo que qualquer pessoa sentiria por não saber o que pode vir a acontecer com si em um futuro próximo. Digo, é algo mais similar a o que alguém pode sentir ao ficar ansioso por saber o resultado do vestibular ou de uma entrevista de emprego. Sim, pode ser algo bem forte mas gerenciável. Não estou entrando em colapso mental total, somente parcial :) .

Fazer essa tarefa tão pequena que é arrumar uma lista de itens do apartamento é algo enorme para mim. Na audiência anterior não queria começar a fazer nenhuma tarefa, não queria sair de casa para nada, simplesmente ficava consumido com a ideia de ser preso. Agora, apesar disto passar pela minha mente eu consigo conviver e gerenciar essa noção. Além disso, consigo me dedicar a realizar outras tarefas sem ser paralisado pelo meu medo. Para mim, isto é uma evolução, mesmo que a tarefa sendo realizada seja extremamente simples e besta.

Claro, tive que complicar a lista de itens com diversas fórmulas (afinal, gosto de matemática e sou analista de sistemas por profissão) então a planilha gera alguns relatórios dinâmicos por cômodo sobre o que falta comprar de prioritário, o que falta comprar de não prioritário e uma estimava de preço geral das coisas. Demorou cerca de 2 horas para montar tudo e colocar tudo que eu já tenho e mais algumas outras horas para preencher os itens que eu ainda preciso comprar. Sinto que, apesar de pequena, foi uma tarefa útil e por isso ela é recompensadora para mim. Fico feliz de ter criado essa lista. Novamente, ponto positivo para a minha auto estima!

Falei anteriormente sobre como estou tentando não deixar meu medo me paralisar. Isto foi algo que eu havia refletido sobre a alguns dias. Medo é uma ferramenta muito útil para o ser humano. Medo faz com que você pense duas vezes antes de fazer algo, que te obriga a exercer cautela de maneira a evitar que algo ruim aconteça com você. Entretanto, medo também pode ser algo muito ruim quando você se deixa dominar por ele. Quando o seu medo te paralisa, quando ele te impede de viver a sua vida, você está, de uma certa maneira, sabotando a si mesmo. O medo é seu, logo você deveria ter controle sobre ele e não o contrário. Isto é muito fácil de dizer e muito difícil de realizar, posso dizer verdadeiramente por experiência própria.

Tenho tentado encarar isso da seguinte maneira: Mantenho meu medo por perto, para que ele possa me ajudar a pensar duas vezes nas coisas e me ajudar a identificar coisas perigosas. Entretanto, tenho tentado manter uma atitude mais positiva em relação a tudo, e quando necessário ignoro meu medo e dou um passo em direção ao desconhecido esperando que coisas boas aconteçam. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o meu amigo que veio conversar comigo o qual relatei no último post.

Falar com ele foi um passo em direção ao desconhecido. Meu medo me dizia para me preservar, ficar quieto e não arriscar me machucar. Me ferir irá fazer parte da minha caminhada, isso eu preciso aceitar. Preciso aceitar que também terei que aprender a tratar dessas feridas da melhor maneira possível. Também preciso entender que eu posso aprender mais sobre tratar estas feridas com as outras pessoas, meus amigos, meus parentes, a psicóloga e o psiquiatra. O risco de me machucar não deve me impedir de tentar. Nada deve me impedir de tentar e dar um passo para frente. A única coisa que pode me impedir de dar esse passo sou eu mesmo. As vezes, é necessário mandar você mesmo se foder e simplesmente fazer as coisas!

0 comentários :

Postar um comentário

Por favor, deixe seu comentário!

--

Please, leave your comment!