sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Post de Ontem Hoje - Parte 2

Onde continuamos assuntos inacabados....


Falei tanto no outro post Post de ontem hoje - Parte 1 sobre como eu sentia uma falta de esperança com o meu futuro que acabei não falando a coisa mais importante. A razão de ter perdido tanto tempo procurando coisas de decoração e utensílios para o meu apartamento é devido a uma mudança de postura que estou tentando adotar. Quero tentar ser uma pessoa mais otimista comigo mesmo e com o meu futuro. Não é algo fácil para mim, um pessimista de carteirinha, mas acredito que neste momento é a melhor escolha que eu posso fazer.

Sinto ainda uma certa sensação de fim do mundo rodeando a audiência no dia 27/10. Assim como na primeira audiência (a cerca de 4 meses atrás) eu estou focado na pequena possibilidade de o juiz determinar minha prisão diretamente na audiência. Segundo os meus advogados a chance gira em 1% e minha cabeça não consegue focar nos 99% restantes.

Apesar disto, posso dizer com toda sinceridade que esta minha angústia não é a mesma que eu sentia antes da primeira audiência. Formalmente eu não havia sido intimidado a comparecer a audiência, apesar de ser o réu acusado. Eu poderia não ter ido a audiência e ter forçado uma segunda audiência (fato que acabou acontecendo por outras razões que não vem ao caso). Entretanto eu escolhi ir na audiência, mesmo tendo o sentimento de que eu não voltaria para minha casa, de que iria diretamente para a cadeira. Esta decisão foi uma das mais difíceis que eu já tomei na minha vida e também uma das melhores. Ter tido essa maturidade, essa coragem, de realizar algo porque isto era o correto por mais que eu acreditasse que os prospectos para mim fossem ruins. Isto foi algo que me surpreendeu, não acreditava que eu era capaz de fazer isto. Logo, um pouco do mistério envolvendo a audiência foi dissipado.

Eu sei agora como funciona o procedimento, como é a sala da audiência, quem é o juiz e quem é a promotora. Eu estou indo para essa nova audiência com consciência de uma série de coisas. Claro, sempre haverão elementos desconhecidos que não podem ser previstos. Sim, posso ser preso diretamente na audiência. Entretanto, estes são fatos que estão no futuro e eu não posso controlá-los. Eu entendo isto agora e estou aceitando isto de uma maneira muito melhor. Não aceito 100%, verdade, mas entendo e compreendo isto também.

O que eu quero dizer com este exemplo e a caça às decorações para a minha casa é que eu estou tentando ter uma atitude mais positiva. Percebi que eu estava alimentando a paranoia dos meus pais de que eu ia ser preso e, por consequência, eles aumentavam a minha paranoia. Isto se tornava um ciclo infinito que somente aumentava, uma verdade bola de neve. Uma das coisas interessantes que decorreram do que eu relatei em Auto Estima é que a psicóloga me disse que, existe a chance, de que meus pais percebam como eu lidei bem com o episódio e comecem a ficar mais tranquilos em relação a rejeição que eu possa ter de outras pessoas.

Após a sessão, fiquei com isto na cabeça por alguns dias e tenho que concordar com o que ela disse. Percebi que as minhas reações em relação a tudo que está acontecendo estão refletindo nos meus pais. Assim como estava extremamente nervoso e angustiado antes eles também ficaram assim. Então me parece que se eu começar a mudar um pouco minha atitude por consequência estarei influenciando eles para melhor também.

Claro, esta postura mais positiva não é somente para ajudar os meus pais. Ela serve principalmente para me ajudar. Esta minha falta de vontade de realizar qualquer atividade antes da audiência, porque eu acreditava que iria preso e não conseguiria acabar nada começado, estava me engessando. Percebi que mesmo que a audiência fosse realizada e eu não fosse preso eu simplesmente arrumaria a desculpa de que enquanto não tivesse a condenação eu não poderia começar nada de novo. Esta condenação pode demorar anos. Então, eu simplesmente estava arrumando desculpas para não fazer nada. Eu estava sabotando a mim mesmo de uma certa maneira.

Minha idéia em adotar uma postura mais positiva é combater justamente isto. Procurar estes itens de decoração da casa são coisas que eu posso fazer da frente do meu computador e com algumas visitas a lojas. Não é uma tarefa dantesca (apesar de que a quantidade de opções é de deixar qualquer um louco, ou mais louco no meu caso). Escolher o piso que vai ser colocado, fazer alguns arranjos para o caso de eu ser preso (mas sem o pessimismo de ir preso, estou falando de medidas sensatas) como cancelar alguns serviços pagos mensalmente os quais somente eu tenho acesso e uma série de outras coisas ajuda. Ajuda a minha cabeça por estar fazendo algo de útil e por consequência eu me sinto útil. Ajuda os meus pais porque eles me veem fazendo algo de útil então acredito que passa a eles a confiança de que eu estou bem.

Logo, por mais que as vezes eu sinta um desânimo, uma apatia com a situação como um todo eu tenho que me forçar a dar um passo. A me movimentar. Vejam, não quero dizer com isto de que eu ache que eu tenho que ignorar esse meu sentimento de depressão e fingir que ele não existe. Estou dizendo que eu tenho que reconhecer esse sentimento e até certo ponto honrar ele. Não posso fingir que ele não está lá, senão irei voltar a fazer o que eu sempre fiz. Irei reprimir esse sentimento, irei armazená-lo dentro de mim, e ele simplesmente vai voltar em algum momento. Fazer isto é como guardar um veneno dentro de si, um veneno que pouco a pouco vai agindo e minando as suas forças.

O que eu quero dizer com dar um passo, nem que seja forçado, é reconhecer a apatia e desânimo. Saber que eles estão aqui dentro de mim e entender porque estou sentindo isso. Saber que isso é aceitável, se sentir mal as vezes. Saber que existem pessoas ao meu redor que querem me ajudar e com quem eu possa contar. Saber que eu posso pedir ajuda e que fazer esse pedido depende de mim. Dar um passo significa isso, enfrentar essa situação de frente. No meu caso, é tentar fazer algo de útil para que isso me gere uma confiança. Além disso, e essa é a parte nova, é poder chegar para uma pessoa amiga e dizer "Puxa, podemos conversar? Tô me sentindo meio mal hoje". Isto é algo que eu nunca poderia fazer antes. O mundo acabaria antes de eu falar essa palavras.


Hoje, eu preciso me forçar a dar esse passo. Ainda não é uma coisa natural para mim. Reconhecer isto é importante. Estas mudanças de postura, essa criação de um novo padrão de funcionamento, que irão me proporcionar, no futuro, a capacidade de dar esse passo de uma maneira natural. Assim espero!

PS 1 :


Enquanto estava procurando quadros de decoração, vi um com essa frase aqui ó:






Em tradução livre :

" A única pessoa que você está destinado a se tornar é a pessoa que você decide ser"

Para mim fez todo sentido! De uma certa maneira essa minha postura em geral, de procurar ajuda e querer melhorar, se resumem com essa frase. Eu quero ser uma pessoa melhor, esse é o meu objetivo. Somente posso alcançar isso com duas coisas: determinando isso como meu objetivo e indo atrás do objetivo!

PS 2:


Hoje, conversei de novo com um amigo que não conversava desde que eu fui preso. Ele já havia tentando conversar comigo diversas vezes anteriormente mas, por medo de como ele iria reagir, eu decidi ignorar ele. Hoje, quando ele me mandou uma mensagem resolvi falar com ele. Decidi isso porque entendi que as pessoas tem suas reações de acordo como elas devem ter ou sentir que é certo. Não existem reações boas ou ruins numa situação em que ninguém nunca passou antes. Isto veio também da questão do post Auto Estima mas principalmente dessa mudança de atitude mais positiva.

Eu poderia pensar, novamente, negativamente. Pensar que ele iria me xingar ou me tratar mal e me resguardar disso. Falei com ele entretanto esperando o melhor, que ele fosse continuar sendo meu amigo. Caso ele não correspondesse a essa minha expectativa então eu teria que ter a maturidade de lidar com isso. Felizmente meu otimismo foi correspondido. Conversamos sobre tudo um pouco e de uma maneira bem normal assim como éramos antigamente. Claro, conversamos sobre o que aconteceu mas em nenhum momento ele ficou especulando ou perguntando sobre o ocorrido. Ele foi muito legal e calmo e queria saber principalmente sobre mim e como eu estava. Isso me deu a tranquilidade de abordar o assunto com ele e explicar uma série de coisas. Foi algo muito legal e mais um ponto positivo para a minha auto estima!

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